"A natureza é o único livro que oferece um conteúdo valioso em todas as suas folhas." (Johan Wolfgang Von Goethe)

domingo, 10 de março de 2013

Livros Não Mudam Pessoas


John Piper
John Piper
Livros não mudam pessoas; parágrafos, sim. Às vezes, até sentenças. Ainda recordo uma tarde, no outono de 1968, quando estive em uma livraria na Avenida Colorado, em Pasadena, e li a primeira página deThe Weight of Glor y (O Peso de Glória), escrito por C. S. Lewis. Ainda que eu não tivesse lido outra página, minha vida teria sido mudada para sempre. Talvez possa resumir o que li em duas sentenças: “Somos criaturas indiferentes, que brincam com bebidas, sexo e ambição, enquanto o gozo infinito é-nos oferecido; como uma criança ignorante que deseja continuar brincando na lama em uma favela, porque não imagina o que significa o oferecimento de um feriado na praia. Satisfazemo-nos com coisas pequenas demais”.1 Quase trinta anos depois,2 ainda sinto o arrepio daquela descoberta e o ímpeto de luz que me atingiu. Nada mais seria o mesmo. Apenas um parágrafo, e a obra decisiva foi realizada.
Isso não é algo novo. Dezesseis séculos atrás, em agosto de 386, Agostinho estava em aflição espiritual. Em um jardim de Milão (Itália), ele se lançou ao chão, debaixo de uma figueira, e deu lugar às lágrimas, que jorravam de seus olhos: “Arranquei cabelos e bati na cabeça com os punhos. Fechei os dedos e abracei os joelhos”. Em seguida, ele ouviu “a voz melódica de um menino ou menina, não tenho certeza, que repetia em refrão: ‘Pega-o e lê; pega-o e lê’”. Agostinho aceitou isso como “uma ordem divina para abrir meu livro das Escrituras e ler a primeira passagem em que caísse o meu olhar”. Ele abriu e leu: “Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgia e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes; mas revesti-vos do Senhor Jesus e nada disponhas para a carne no tocante às suas concupiscências”. Com duas sentenças, toda a aflição foi desfeita. “Não tive qualquer desejo de ler mais, nem precisava fazê-lo. Pois, em um instante, quando cheguei ao final da sentença, aconteceu como se a luz da confiança inundasse meu coração, e todas as trevas de dúvidas foram removidas”. 3
Quanto a Lutero, sua vida foi tocada por intermédio de outra das grandes sentenças do apóstolo Paulo – Romanos 1:16-17. Na vida de Jonathan Edwards, foi 1 Timóteo 1:17. Para John Wesley foi o prefácio do comentário livroA Epístola aos Romanos , escrito por Lutero. E poderíamos acrescentar outros nomes à lista. A verdade é que a leitura de muitos livros pode ser semelhante a ajuntar pedaços de madeira, mas as chamas brilham de uma única sentença. A marca é deixada na mente não pela queima de muitas páginas, e sim pelo calor de uma sentença aquecida por Deus.
Minha oração é que Deus se agrade em tornar as breves leituras deste livro e queimar uma sentença ou um parágrafo em sua mente. As meditações têm apenas duas ou três páginas de extensão. Não estão arranjadas em ordem de assuntos. O que as mantém unidas é uma busca por experimentarmos a supremacia de Deus em toda a vida. O meu alvo é despertar e nutrir essa fome.
Fonte: Prefácio do excelente livro Uma Vida Voltada
para Deus, John Piper, Editora Fiel, pg. 11-2.
Lewis, C. S. The Weight of Glory. Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., p. 1-2.
2 Piper está escrevendo isso em 1997. (Nota do Monergismo)
3 Augustine’s Confessions, Book VIII. In: Brown, Peter. Augustine of Hippo: a biography. Berkeley,
Calif.: University of California Press, 1967. p. 108-1098.
Fonte: www.monergismo.com

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